sexta-feira, 26 de novembro de 2010

Transporte Ferroviário

O transporte ferroviário é a transferência de pessoas ou bens, entre dois locais geograficamente separados, efectuada por um comboio, automotora ou outro veículo semelhante. O comboio ou seu equivalente circula numa via férrea composta por carris dispostos ao longo de um percurso determinado. Paralelamente, existe um sistema de sinalização e, por vezes, um sistema de electrificação. A operação é realizada por uma empresa ferroviária, que se compromete a fazer o transporte entre as estações ferroviárias. A potência para o movimento é fornecida por um motor a vapor, diesel ou motor eléctrico de transmissão. O transporte ferroviário é o mais seguro dos transportes terrestres.
O transporte ferroviário é uma parte fundamental da cadeia logística que facilita as trocas comerciais e o crescimento económico. É um meio de transporte com uma elevada capacidade de carga e energeticamente eficiente, embora careça de flexibilidade e exija uma contínua aplicação de capital. Está particularmente vocacionado para o transporte de cargas de baixo valor total, em grandes quantidades, entre uma origem e um destino, a grandes distâncias, tais como: minérios, produtos siderúrgicos, agrícolas e fertilizantes, entre outros.
O início do transporte ferroviário data do Século VI a.C. Com o desenvolvimento do motor a vapor, foi possível iniciar uma expansão dos principais caminhos de ferro, que foram um componente muito importante durante a revolução industrial. Com o avanço da tecnologia, foram lançados comboios eléctricos e os comboios a vapor foram substituídos por motores a diesel. Na década de 1960, surgiu o comboio de alta velocidade, tornando este tipo de transporte cada vez mais rápido e acessível.

O Vapor e o Caminho-de-Ferro (Século XIX)

Em meados do século XVIII, muitos engenhos e invenções começaram a surgir em Inglaterra, no que toca à agricultura, transportes, indústria, comércio e finanças. Novas patentes foram registadas. A baixa da taxa de juro que coincidia com a expansão dos mercados interno e externo, constituía um estímulo ao progresso. Estas invenções acabaram por se traduzir num aumento do rendimento do consumidor e dos produtos essenciais. As principais novidades técnicas incluíam, entre outras, teares mecânicos, máquinas de fiação e fundição de coque. Todo este processo originou a chamada Revolução Industrial, que se operou, primeiramente, na Inglaterra no século XVIII.
Por volta de 1760, em Inglaterra, o sector têxtil algodoeiro conhecia um invento de grande importância: a máquina a vapor, de Watt (1769). A utilização desta nova fonte de energia tornou possível a substituição do "domestic system" pelo "factory system", isto é, o carácter da indústria modificou-se: a fiação passou a fazer-se, na sua maior parte, em estabelecimentos fabris e não em pequenas oficinas artesanais.
É evidente que tudo isto teve sérias repercussões: por exemplo, os tecelãos rurais, ao verem o seu trabalho e receitas aumentados, abandonaram os campos e passaram a concentrar-se nas cidades. A invenção e constante aperfeiçoamento da máquina a vapor permitiu também o aumento da produtividade e custos reduzidos.
A velocidade de rotação da máquina a vapor e o baixo custo da energia transformaram esta máquina num engenho de alta rendibilidade, a qual se tornou no símbolo da Revolução Industrial. Inicialmente utilizada na bombagem de minas, a partir de 1785 passou a ser utilizada nas indústrias algodoeira e metalúrgica. Embora a difusão da máquina a vapor fora da Inglaterra fosse incipiente, já se encontravam, nos começos do século XIX, no continente algumas unidades fabris com máquinas a vapor. A partir de 1840-50, a máquina a vapor conheceu novos aperfeiçoamentos e foi adoptada em todos os países em fase de industrialização.
Com a utilização do vapor, também a indústria siderúrgica se transformou, resolvendo os problemas da imigração e dispersão, devido às grandes concentrações fabris em locais rurais, quase sempre onde se produzia o carvão e o ferro. Para além da sua aplicação à indústria têxtil algodoeira, a máquina a vapor continuava a ser utilizada no transporte nas minas.
A partir de 1760, tanto em França como em Inglaterra, os inventores tentaram descobrir o melhor meio para adaptar a máquina a vapor aos transportes. Assim, em 1803 surgiu uma locomotiva a vapor construída por Richard Trevithick (1771-1833), e que fez várias viagens pelas ruas de Londres. Porém, essas ruas mostraram-se impróprias para o tráfego de locomotivas, pelo que a experiência não surtiu efeito.
A exploração dos caminhos-de-ferro está na origem do desenvolvimento de sistemas técnicos muito importantes no século XIX. Por exemplo, a partir de 1870, são adoptados o carril de aço, a sinalização eléctrica, o freio de ar comprimido, a manutenção hidráulica entre outros inventos que fazem do caminho-de-ferro uma das fontes de inovação do século XIX.
Em 1814, William Hadley inventou a sua locomotiva a vapor Puffing Billy, que provou ser possível fazer aderir a locomotiva aos "rails". Nasceu, assim, o caminho-de-ferro.
George Stephenson (1781-1848) viria a melhorar a locomotiva a vapor sobre carris, utilizada pela primeira vez nos transportes em 1829 e que ficou conhecida como "Rocket". A construção do caminho-de-ferro entre Liverpool e Manchester, associado à locomotiva, acabou por demonstrar as potencialidades do transporte a motor. No fundo, a locomotiva a vapor revelava-se o mais importante invento da revolução tecnológica. Os seus efeitos não só na vida económica inglesa como no resto do mundo foram profundos. Assim, os transportes terrestres sofreram um aumento significativo.
Na segunda metade do século XIX, a indústria reestruturou-se adoptando novos processos de produção e organização. A partir de 1860, entra-se numa nova fase caracterizada pela substituição do ferro pelo aço, do vapor pela electricidade e pelo petróleo como principais fontes de energia; dá-se também um desenvolvimento da automatização das máquinas e da especialização do trabalho; a usar ligas de metais leves e novos produtos da química industrial; as mudanças nos transportes e comunicações são inúmeras; o aperfeiçoamento e adopção de novas formas de organização capitalista e a extensão da industrialização à Europa Central e Oriental e ao Extremo Oriente são também marcas desses tempos.
Nesta fase da industrialização, os transportes ferroviários desenvolveram-se rapidamente, o que virá facilitar a aquisição de matéria-prima e a distribuição dos produtos. As distâncias tornam-se mais curtas, facilitando a concorrência e acabando com o isolamento de certas regiões.
Com o aumento da produção de ferro, que continua a crescer na segunda metade do século XIX, e o incremento da indústria siderúrgica, assiste-se a um forte desenvolvimento, produção de maquinaria, de meios de transporte e da engenharia civil; o caminho-de-ferro torna-se importante.
Por volta de 1840 foram construídos muitos quilómetros de linhas férreas pelo Mundo. Cerca de 1850, as redes ferroviárias da Grã-Bretanha e da Bélgica estavam todas concluídas e na Alemanha a maior parte das linhas ferroviárias tinham já sido construídas. Entre 1850-60, em França registou-se um crescimento na construção de linhas com o impulso do governo de Napoleão III. Os caminhos-de-ferro construídos entre 1840-60 já abrangiam as regiões mais desenvolvidas, o que constituía um bom negócio. Fora da Europa, os caminhos-de-ferro penetraram e modificaram rapidamente os espaços: nos EUA, no Japão e na Rússia, onde a linha do transiberiano e transcaucasiano tornou possível a este país conhecer e explorar muitos dos seus recursos naturais. Em 1857, na Rússia os caminhos-de-ferro ligavam já Moscovo a São Petersburgo e, em 1862, São Petersburgo a Varsóvia e Moscovo a Novogrado. Moscovo encontrava-se, assim, rodeada por estas linhas.
A ideia de que os caminhos-de-ferro podiam povoar os desertos e aumentar a riqueza nas zonas pobres levou a que estes fossem considerados um assunto da máxima importância para os respectivos Estados. A construção das linhas permanece até à Primeira Guerra Mundial como a primeira causa da exportação de capitais, pois funcionava como instrumento de valorização dos novos territórios.
Entre 1891 e 1903 foram construídas as linhas intercontinentais. Os EUA já tinham construído cinco linhas transcontinentais, entre 1864 e 1890, entre o Atlântico e o Pacífico. Estes transcontinentais desempenham um papel muito importante no povoamento e aproveitamento de grandes espaços, tal como acontecera com o transiberiano, construído a partir de 1891.
Em outras regiões iniciam-se novas redes ferroviárias: China, América Latina e colónias africanas.
Na Europa, as vias férreas tentam numa primeira fase estabelecer os eixos nacionais. Ex.: Paris/Bruxelas; Antuérpia/Colónia; Frankfurt/Bâle; Viena/Praga/Berlim. Na segunda fase lançam-se as vias regionais que entroncam em grandes eixos. Numa terceira fase abrangem as vias secundárias que ligam as localidades mais isoladas.
Os caminhos-de-ferro exigiam um grande investimento de capitais, o qual só foi possível graças à sua grande concentração nas mãos de sociedades modernas e empreendedoras.
A construção dos caminhos-de-ferro, após os meados do século XIX, deveu-se ao aumento da procura de transportes, resultante da expansão industrial. Foram os próprios industriais que subsidiaram os primeiros investimentos. Chegou-se a recorrer à poupança nacional através da emissão de acções e obrigações. Os lucros que provinham da exploração dos caminhos-de-ferro atraíram o investimento privado. Assim, o Estado interferia cada vez mais neste domínio. No caso da Bélgica, os caminhos-de-ferro eram divididos entre o Estado e uma companhia privada, procurando o Estado salvaguardar os interesses nacionais relativamente aos estrangeiros, e deter o tráfego entre a Europa Central e o mar do Norte. Em França, a participação estatal teve muita importância no crescimento da rede ferroviária, já que tinha a seu cargo as despesas mais avultadas e só depois concedia a exploração a companhias privadas que no entanto ficavam sujeitas ao controlo estatal. Na Alemanha, os caminhos-de-ferro desenvolveram-se através da iniciativa privada e estatal. Na Grã-Bretanha e nos EUA, nos anos de 1860-1870 os privados tiveram um papel importante na expansão dos caminhos-de-ferro.
A partir do final do século XIX, todos os países se empenharam no controlo directo das linhas ferroviárias, acabando por nacionalizar as companhias privadas.
Sublinhe-se que a expansão do caminho-de-ferro não pode ser dissociada da navegação a vapor, tanto em rios como no mar. Ficava mais barato enviar as mercadorias por mar do que por terra. Assim, o crescimento da economia da Inglaterra, na segunda metade do século XVIII, foi estimulado pelo tráfego intenso que se regista nos canais e nas rotas marítimas. Porém, o transporte das mercadorias por mar tinha também os seus inconvenientes. O transporte por rio tornava-se mais seguro e mais barato.
Em 1838, quatro vapores britânicos atravessaram o Atlântico. A dinamização da navegação a vapor teve o seu impulso, principalmente, depois de meados do século XIX, devido aos progressos técnicos que permitiram reduzir o consumo do carvão, aumentar a tonelagem e a rapidez.
Contudo, a expansão da navegação a vapor foi muito lenta já que a Inglaterra, onde se verificaram estes progressos, tinha uma grande frota de veleiros. Por outro lado, este tipo de navegação acarretava problemas quanto ao seu abastecimento, pois a máquina a vapor consumia muito combustível, tornando impossível o seu transporte. Por outro lado, a velocidade das embarcações a vapor não era vantajosa em relação aos veleiros.
A partir de 1860, a aplicação da máquina Compound à navegação permitiu economizar combustível e fazer triunfar a navegação a vapor, isto é, procedeu-se à substituição da roda por uma hélice, que fez aumentar a sua velocidade. Por outro lado, o emprego do ferro na construção naval permitiu o aumento do tamanho dos steamers e da sua tonelagem.
Assim, as vantagens do vapor sobre os veleiros tornaram-se mais do que evidentes nos finais do século XIX. Nesta altura, surgem os primeiros petroleiros a vapor e o barco "frigorífico" para transporte de mercadorias que se estragavam facilmente.
Porém, os veleiros subsistem até 1890 sendo utilizados em distâncias longas. A partir de 1830, o vapor impõe-se também na navegação interior, possibilitando por um lado encurtamento das distâncias e permitindo por outro o aumento da tonelagem.
No entanto, o desenvolvimento da navegação a vapor e o facto de se querer reduzir as distâncias entre o Ocidente e o Oriente levou à construção dos canais de Suez e do Panamá. Por exemplo a abertura do canal de Suez, em 1865, permitiu encurtar a distância entre a Europa e a Ásia, fomentando as relações comerciais entre estes dois continentes. A rota do Cabo, velha de 400 anos, era assim secundarizada, poupando-se 9000 km através do Suez.
A abertura destes canais permitiu exercer um papel muito importante na navegação oceânica e no comércio intercontinental, diminuindo as distâncias e reduzindo o preço do frete. Por outro lado, o aumento do tamanho das embarcações e da sua tonelagem, possibilitado pelo vapor e pelo uso do ferro na construção naval, tornou necessário melhorar os portos marítimos.
Os reflexos do caminho-de-ferro e da navegação a vapor na economia e geografia dos países possibilitaram o alargamento dos mercados e o aumento das actividades, estando ligada a estes a expansão de novos países como os EUA, Argentina, Austrália e Rússia para a Sibéria. Estas duas invenções ou inovações provocaram também um aumento da concorrência, devido à descida das tarifas.

domingo, 7 de novembro de 2010

O que levou à Revolução Francesa

A França tomada pelo Antigo Regime era um grande edifício construído por cinquenta gerações, por mais de quinhentos anos. As suas fundações mais antigas e mais profundas eram obras da Igreja, estabelecidas durante mil e trezentos anos.

A sociedade francesa do século XVIII mantinha a divisão em três Ordens ou Estados típica do Antigo Regime – Clero ou Primeiro Estado, Nobreza ou Segundo Estado, e Povo ou Terceiro Estado – cada qual regendo-se por leis próprias (privilégios), com um Rei absoluto (ou seja, um Rei que detinha um poder supremo independente) no topo da hierarquia dos Estados. O Rei fora antes de tudo o obreiro da unidade nacional através do seu poder independente das Ordens, significando que era ele quem tinha a última palavra sobre a justiça, a economia, a diplomacia, a paz e a guerra, e quem se lhe opusesse teria como destino a prisão da Bastilha. A França sofrera uma evolução assinalável nos últimos anos: não havia censura, a tortura fora proibida em 1788, e a representação do Terceiro Estado nos Estados Gerais acabava de ser duplicada para contrariar a Nobreza e o Clero que não queriam uma reforma dos impostos. Em 14 de julho de 1789, quando a Bastilha foi tomada pelos revolucionários, albergava oito prisioneiros.

Com a exceção da nobreza rural, a riqueza das restantes classes sociais na França tinha crescido imensamente nas últimas décadas. O crescimento da indústria era notável. No Norte e no Centro, havia uma metalurgia moderna (Le Cresot data de 1781); em Lyon havia sedas; em Rouen e em Mulhouse havia algodão; na Lorraine havia o ferro e o sal; havia lanifícios em Castres, Sedan, Abbeville e Elbeuf; em Marselha havia sabão; em Paris havia mobiliário, tanoaria e as indústrias de luxo, etc..

Existia uma Bolsa de Valores, vários bancos, e uma Caixa de Desconto com um capital de cem milhões que emitia notas. Segundo Jacques Necker, a França detinha, antes da Revolução, metade do numerário existente na Europa. Nobres e burgueses misturavam muitos capitais em investimentos. Antes da Revolução, o maior problema da indústria francesa era a falta de mão de obra.

Desde a morte do rei Luís XIV, o comércio com o exterior tinha mais do que quadruplicado. Em 1788, eram 1,061 milhões de livres, um valor que só se voltará a verificar depois de 1848. Os grandes portos, como Marselha, Bordéus, Nantes, floresciam como grandes centros cosmopolitas. O comércio interior seguia uma ascensão paralela.

Sabendo-se que existia uma burguesia tão enriquecida, muitos historiadores colocaram a hipótese de haver uma massa enorme de camponeses famintos. Na França, o imposto rural por excelência era a "taille", um imposto recolhido com base nos sinais exteriores de riqueza, por colectores escolhidos pelos próprios camponeses. A servidão dos campos, que ainda se mantinha em quase todos os países da Europa, persistia apenas em zonas recônditas da França, e sob forma muito mitigada, no Jura e no Bourbonnais. Em 1779, o Rei tinha apagado os últimos traços de servidão nos seus domínios, tendo sido imitado por muitos senhores.

Ao longo da História, a miséria tem provocado muitos motins, mas em regra não provoca revoluções. A situação da França, antes da Revolução, era a de um Estado pobre num país rico

A Revolução Francesa

Revolução Francesa era o nome dado ao conjunto de acontecimentos que, entre 5 de maio de 1789 e 9 de novembro de 1799, alteraram o quadro político e social da França. Ela começa com a convocação dos Estados Gerais e a Queda da Bastilha e se encerra com o golpe de estado do 18 Brumário de Napoleão Bonaparte. Em causa estavam o Antigo Regime (Ancien Régime) e os privilégios do clero e da nobreza. Foi influenciada pelos ideais do Iluminismo e da Independência Americana (1776). Está entre as maiores revoluções da história da humanidade.

A Revolução é considerada como o acontecimento que deu início à Idade Contemporânea. Aboliu a servidão e os direitos feudais e proclamou os princípios universais de "Liberdade, Igualdade e Fraternidade" (Liberté, Egalité, Fraternité), frase de autoria de Jean-Jacques Rousseau. Para a França, abriu-se em 1789 o longo período de convulsões políticas do século XIX, fazendo-a passar por várias repúblicas, uma ditadura, uma monarquia

sexta-feira, 5 de novembro de 2010

Arquitectura Neoclassica

A Arquitetura neoclássica foi produto da reacção antibarroco e anti-rococó, levada a cabo pelos novos artistas-intelectuais do século XVIII. Os Arquitectos formados no clima cultural do racionalismo iluminista e educados no entusiasmo crescente pela Civilização Clássica, cada vez mais conhecida e estudada devido aos progressos da Arqueologia e da História.

Algumas características deste movimento artístico na arquitectura são
Materiais nobres (pedra, mármore, granito, madeiras)
Processos técnicos avançados
Sistemas construtivos simples
Esquemas mais complexos, a par das linhas ortogonais
Formas regulares, geométricas e simétricas
Volumes corpóreos, maciços, bem definidos por planos murais lisos
Uso de abóbada de berço ou de aresta
Uso de cúpulas, com frequência marcadas pela monumentalidade
Espaços interiores organizados segundo critérios geométricos e formais de grande racionalidade
Pórticos colunados
Entablamentos direitos
Frontões triangulares
A decoração recorreu a elementos estruturais com formas clássicas, à pintura rural e ao relevo em estuque
Valorizou a intimidade e o conforto nas mansões familiares
Decoração de carácter estrutural

segunda-feira, 14 de junho de 2010

Pintura rococo

A pintura do Rococó divide-se em dois campos nitidamente diferenciados. Por um lado é um documento visual intimista e despreocupado do modo de vida e da visão de mundo das elites européias do século XVIII, mas adaptado à decoração monumental de igrejas e palácios serviu também como meio de glorificação da fé e do poder civil. O Rococó nasceu em Paris em torno da década de 1700, como uma reação da aristocracia francesa contra o Barroco suntuoso, palaciano e solene praticado no período de Luís XIV. Caracterizou-se acima de tudo por sua índole hedonista e aristocrática, manifesta em delicadeza, elegância, sensualidade e graça, e na preferência por temas leves e sentimentais, onde a linha curva, as cores claras e a assimetria tinham um papel fundamental na composição da obra. Da França, onde assumiu sua feição mais típica e onde mais tarde foi reconhecido como patrimônio nacional, o estilo Rococó logo se difundiu pela Europa, mas alterando significativamente seus propósitos e mantendo do modelo francês apenas a forma externa, sendo então adotado na Alemanha, Inglaterra, Áustria e Itália, e com alguma representação também em outros locais, como Portugal, Espanha, os países eslavos e nórdicos, chegando até mesmo aos Estados Unidos e, com maior impacto, ao Brasil.[1][2][3]

Apesar de seu valor como obra de arte autônoma, a pintura rococó era concebida muitas vezes como parte integrante de uma concepção global de decoração de interiores.[4] Começou a ser criticada a partir de meados do século XVIII, com a ascensão dos ideais iluministas, neoclássicos e burgueses, sobrevivendo até a Revolução Francesa, quando então caiu em descrédito completo, acusada de superficial, frívola, imoral e puramente decorativa.[5] A partir da década de 1830, voltou a ser reconhecida como testemunho importante de uma determinada fase da cultura européia e do estilo de vida de um estrato social específico, e como um bem valioso por seu mérito artístico único e próprio, onde se levantam questões sobre estética que floresceriam mais tarde e se tornariam centrais para a arte moderna

Caracteristicas do rococó

O rococó tem como principais características:

Cores claras;
Tons pastéis e douramento;
Representação da vida profana da aristocracia;
Representação de Alegorias;
Estilo decorativo.
Possui leveza na estrutura das construções.
Unificação do espaço interno, com maior graça e intimidade.
Texturas suaves

Historia do rococó

O rococó é um movimento artístico europeu, que aparece primeiramente na França, entre o barroco e o Arcadismo. Visto por muitos como a variação "profana" do barroco, surge a partir do momento em que o Barroco se liberta da temática religiosa e começa a incidir-se na arquitetura de palácios civis, por exemplo. Literalmente, o rococó é o barroco levado ao exagero.

A expressão "época das Luzes" é, talvez, a que mais frequentemente se associa ao século XVIII. Século de paz relativa na Europa, marcado pela Revolução Americana em 1776 e pela Revolução Francesa em 1789. No âmbito da história das formas e expressões artísticas, o Século das Luzes começou ainda sob o signo do Barroco. Quando terminou, a gramática estilística do Neoclassicismo dominava a criação dos artistas. Entre ambos, existiu o Rococó. Na ourivesaria, no mobiliário, na pintura ou na decoração dos interiores dos hotéis parisienses da aristocracia, encontram-se os elementos que caracterizam o Rococó: as linhas curvas, delicadas e fluídas, as cores suaves, o caráter lúdico e mundano dos retratos e das festas galantes, em que os pintores representaram os costumes e as atitudes de uma sociedade em busca da felicidade, da alegria de viver, dos prazeres sensuais.

O Rococó é também conhecido como o "estilo da luz" devido aos seus edifícios com amplas aberturas e sua relação com o século XVIII.

Em Portugal aparece na numismática a cerca de 1726 e prolongou-se até 1790 nos principais domínios artísticos. Na corte e no Sul do país desaparece mais cedo, dando lugar ao neoclassicismo. É nas províncias do Norte, particularmente Noroeste, que se encontra a versão mais original do património artístico rococó metropolitano, graças à talha dourada de formas «gordas» de certas igrejas do Porto, Braga, Guimarães, etc., executada por notáveis artistas na segunda metade do século XVIII (Fr. José de Santo António Vilaça, Francisco Pereira Campanhã, etc.) e na escultura ganítica, que decora numerosos edifícios religiosos e profanos na área: igreja da Ordem Terceira do Carmo (1758-68) por José Figueiredo Seixas, Capela do Terço (1756-75); em Viana do Castelo, a capela dos Malheiros Reimões, etc.

Os pintores mais representativos foram François Boucher, Antoine Watteau e Jean-Honoré Fragonard

No Brasil o estilo revelou-se tardiamente, pois já no início do século XIX, na escultura de madeira e de «pedra-sabão», na pintura mural e na arquitectura, com José Pereira Arouca, Francisco Xavier de Brito, Manuel da Costa Ataíde e António Francisco Lisboa, o Aleijadinho.

segunda-feira, 10 de maio de 2010

Humanismo

O Humanismo pode ser apontado como o principal valor cultivado no Renascimento. Baseia-se em diversos conceitos associados: Neoplatonismo, Antropocentrismo, Hedonismo, Racionalismo, Otimismo e Individualismo. O Humanismo, antes que um corpo filosófico, é um método de aprendizado que faz uso da razão individual e da evidência empírica para chegar às suas conclusões, paralelamente à consulta aos textos originais, ao contrário da escolástica medieval, que se limitava ao debate das diferenças entre os autores e comentaristas. O Humanismo afirma a dignidade do homem e o torna o investigador por excelência da natureza. Na perspectiva do Renascimento, isso envolveu a revalorização da cultura clássica antiga e sua filosofia, com uma compreensão fortemente antropocentrista e racionalista do mundo, tendo o homem e seu raciocínio lógico e sua ciência como árbitros da vida manifesta.[4] Seu precursor foi Petrarca, e o conceito se consolidou no século XV principalmente através dos escritos de Marsilio Ficino, Erasmo de Roterdão, Pico della Mirandola e Thomas More.
O brilhante florescimento cultural e científico renascentista deu origem a sentimentos de otimismo, abrindo positivamente o homem para o novo e incentivando seu espírito de pesquisa. O desenvolvimento de uma nova atitude perante a vida deixava para trás a espiritualidade excessiva do gótico e via o mundo material com suas belezas naturais e culturais como um local a ser desfrutado, com ênfase na experiência individual e nas possibilidades latentes do homem. Além disso, os experimentos democráticos italianos, o crescente prestígio do artista como um erudito e não como um simples artesão, e um novo conceito de educação que valorizava os talentos individuais de cada um e buscava desenvolver o homem num ser completo e integrado, com a plena expressão de suas faculdades espirituais, morais e físicas, nutriam sentimentos novos de liberdade social e individual.[5]

Reunindo esse corpus eclético de idéias, os homens do Renascimento cunharam ou adaptaram à sua moda alguns outros conceitos, dos quais se destacam as teorias da perfectibilidade e do progresso, que na prática impulsionaram positivamente a ciência de modo a tornar o período em foco como o marco inicial da ciência moderna. Mas como que para contrapô-los surgiu uma percepção de que a história é cíclica e tem fases de declínio inevitável, e de que o homem natural é um ser sujeito a forças além de seu poder e não tem domínio completo sobre seus pensamentos, capacidades e paixões, nem sobre a duração de sua própria vida. O resultado foi um grande e rico debate teórico entre os eruditos, recheado por fatos novos que apareciam a cada momento, que só teve uma resolução prática no século XVII, com a afirmação irresistível e definitiva da importância da ciência. Por um lado, alguns daqueles homens se viam como herdeiros de uma tradição que havia desaparecido por mil anos, crendo reviver de fato uma grande cultura antiga, e sentindo-se até um pouco como contemporâneos dos romanos. Mas havia outros que viam sua própria época como distinta tanto da Idade Média como da Antiguidade, com um estilo de vida até então inédito sobre a face da Terra, sentimento que era baseado exatamente no óbvio progresso da ciência. A história confirma que nesse período foram inventados diversos instrumentos científicos, e foram descobertas diversas leis naturais e objetos físicos antes desconhecidos; a própria face do planeta se modificou nos mapas depois dos descobrimentos das grandes navegações, levando consigo a física, a matemática, a medicina, a astronomia, a filosofia, a engenharia, a filologia e vários outros ramos do saber a um nível de complexidade, eficiência e exatidão sem precedentes, cada qual contribuindo para um crescimento exponencial do conhecimento total, o que levou a se conceber a história da humanidade como uma expansão contínua e sempre para melhor.[6] Talvez seja esse espírito de confiança na vida e no homem o que mais liga o Renascimento à antiguidade clássica e o que melhor define sua essência e seu legado. O seguinte trecho de Pantagruel (1532), de François Rabelais, costuma ser citado para ilustrar o espírito do Renascimento:

Todas as disciplinas são agora ressuscitadas, as línguas estabelecidas: Grego, sem o conhecimento do qual é uma vergonha alguém chamar-se erudito, Hebraico, Caldeu, Latim (…) O mundo inteiro está cheio de acadêmicos, pedagogos altamente cultivados, bibliotecas muito ricas, de tal modo que me parece que nem nos tempos de Platão, de Cícero ou Papiniano, o estudo era tão confortável como o que se vê a nossa volta. (…) Eu vejo que os ladrões de rua, os carrascos, os empregados do estábulo hoje em dia são mais eruditos do que os doutores e pregadores do meu tempo.
O preparo que os humanistas preconizavam para a formação do homem ideal são de corpo e espírito, ao mesmo tempo um filósofo, um cientista e um artista, se desenvolveu a partir da estrutura de ensino medieval do Trivium e do Quadrivium, que compunham a sistematização do conhecimento da época. A novidade renascentista não foi tanto a ressurreição da sabedoria antiga, mas sua ampliação e aprofundamento com a criação de novas ciências e disciplinas, de uma nova visão de mundo e do homem e de um novo conceito de ensino e educação.[6] O resultado foi um grande e frutífero programa disciplinador e desenvolvedor do intelecto e das habilidades gerais do homem, que tinha origem na cultura greco-romana e que de fato em parte se perdera para o ocidente durante a Idade Média. Mas é preciso lembrar que apesar da idéia que os renascentistas pudessem ter de si mesmos, o movimento jamais poderia ser uma imitação literal da cultura antiga, por acontecer todo sob o manto do Catolicismo, cujos valores e cosmogonia eram bem diversos. Assim, a Renascença foi uma tentativa original e eclética de harmonização do Neoplatonismo pagão com a religião cristã, do eros com a charitas, junto com influências orientais, judaicas e árabes, e onde o estudo da magia, da astrologia e do oculto não estavam ausentes.[7]

O pensamento medieval tendia a ver o homem como uma criatura vil, uma "massa de podridão, pó e cinza", como se lê em De laude flagellorum de Pedro Damião, no século XI. Mas quando se eleva a voz de Pico della Mirandola no século XV o homem já representava o centro do universo, um ser mutante, essencialmente imortal, autônomo, livre, criativo e poderoso, o que ecoava as vozes mais antigas de Hermes Trismegisto ("Grande milagre é o homem") e do árabe Abdala ("Não há nada mais maravilhoso do que o homem"). Esse otimismo se perderia novamente no século XVI, com a reaparição do ceticismo, do pessimismo, da ironia e do pragmatismo em Erasmo, Maquiavel, Rabelais e Montaigne, que veneravam a beleza dos ideais do classicismo mas tristemente constatavam a impossibilidade de sua aplicação prática universal e testemunhavam o deplorável jogo político, a pobreza e opressão das populações e outros problemas sociais e morais do homem real de seu tempo. Cabe notar que muitos pesquisadores consideram esta fase final não apenas como uma etapa no grande ciclo do Renascimento, e a estabeleceram como um movimento distinto e autônomo, dando-lhe o nome de Maneirismo.

O Renascimento


Renascimento, Renascença ou Renascentismo são os termos usados para identificar o período da História da Europa aproximadamente entre fins do século XIII e meados do século XVII, mas os estudiosos não chegaram a um consenso sobre essa cronologia, havendo variações consideráveis nas datas conforme o autor consultado.[1] Seja como for, o período foi marcado por transformações em muitas áreas da vida humana, que assinalam o final da Idade Média e o início da Idade Moderna. Apesar destas transformações serem bem evidentes na cultura, sociedade, economia, política e religião, caracterizando a transição do feudalismo para o capitalismo e significando uma ruptura com as estruturas medievais, o termo é mais comumente empregado para descrever seus efeitos nas artes, na filosofia e nas ciências.[2]

Chamou-se "Renascimento" em virtude da redescoberta e revalorização das referências culturais da antigüidade clássica, que nortearam as mudanças deste período em direção a um ideal humanista e naturalista. O termo foi registrado pela primeira vez por Giorgio Vasari já no século XVI, mas a noção de Renascimento como hoje o entendemos surgiu a partir da publicação do livro de Jacob Burckhardt A cultura do Renascimento na Itália (1867), onde ele definia o período como uma época de "descoberta do mundo e do homem".[3]

O período renascentista, foi onde homens, deixaram de pensa na igreja, teocentrismo, e começaram a pensar em si mesmo, antropocentrismo. Onde a razão era mais forte que a religião, onde a ciência era buscada atravez da arte. Foi um periodo de muitas mudanças, como a mentalidade.

segunda-feira, 26 de abril de 2010


Leonardo da Vinci nasceu em Anchiano, perto de Vinci, a 15 de Abril de 1452. Era filho do notário Piero di Antonio da Vinci e de uma camponesa, Catarina.
No ano do seu nascimento, o seu pai casou com uma mulher muito mais nova, Albiera di Giovanni Amadori. Leonardo foi separado da mãe aos 5 anos de idade e, a partir de então, passou a viver com o pai.
Leonardo cresceu no campo o que poderá justificar o seu amor pela natureza. Teve uma grande paixão por cavalos que, mais tarde, foram objecto de magníficos estudos.

Em 1469, Leonardo mudou-se para Florença onde iniciou a sua aprendizagem em pintura no atelier do célebre pintor florentino Andrea del Verrocchio (1436-1488).

Em 1472 iniciou investigações anatómicas. Elaborou então inúmeros desenhos e esquemas do corpo humano. A figura ao lado é um exemplo desse trabalho.

O seu primeiro desenho, intitulado Desenho da paisagem do Vale do Arno, é datado de 1473.

Até 1480, produziu uma série de quadros pequenos, como a Madona com Cravo, a Madona Benois e, possivelmente, também a Anunciação. Em 1482, mudou-se para Milão e ofereceu os seus serviços como engenheiro, escultor e pintor a Ludovico Sforza (1451-1508).

De 1483 até 1486, juntamente com Ambrogio e Evangelista de Predis, aceitou e executou a encomenda de uma pintura de altar: A Virgem dos Rochedos.

De 1487 até 1488, trabalhou como arquitecto no atelier da Catedral de Milão.

Em 1489, Leonardo planeou um tratado de anatomia com base numa grande colecção de desenhos anatómicos que havia realizado a partir de observações e dissecações humanas e animais.

De 1489 até 1494, trabalhou na estátua equestre de Francesco Sforza em Milão. Nesse mesmo período pintou os Retrato de Cecilia Gallarani e de Lucrezia Crivelli.

De 1495 até 1498, Leonardo entregou-se à pintura de A Última Ceia encomendada por Ludovico Sforza.

Em 1500, regressou a Florença e iniciou aquele que seria o seu período mais produtivo como pintor. Na primavera desenhou um croquis para a A Virgem e o Menino com Stª Ana, cuja pintura a óleo só será concluída em 1510.

Em 1501, trabalhou num pequeno quadro da Virgem com o Menino conhecido como Madona del Fuso.

Em 1502, viajou por Itália com Cesar Borgia como arquitecto e engenheiro. Neste altura, desenhou mapas e outros tipos de representações geográficas.

Em 1503, regressou a Florença e iniciou o retrato de Lisa del Giocondo, esposa de Francesco del Giocondo. Nesta altura começou a pintura mural da Batalha de Anghiari.

Em 1513, Leonardo da Vinci foi para Roma com o seu novo mecenas, Giuliano de Medici.

Em 1514/1515 iniciou uma série de experiências científicas. Entre outras coisas, planeou a drenagem dos pântanos de Pontini, a sul de Roma.

Em 1516, após a morte de Giuliano de Medici, foi para França trabalhar na corte de Francisco I.

Morreu em Cloux em 1519. Foi sepultado na Igreja de S. Florentino, em Ambroise, destruída durante a revolução francesa.

terça-feira, 20 de abril de 2010

O Maneirismo em Portugal

O Maneirismo português começou em meados do séc. XVI até ao início do séc. XVIII.

O Maneirismo foi um estilo e um movimento artístico europeu de retoma de certas expressões da cultura medieval que, aproximadamente os anos de entre 1515 e 1610, constituíram manifesta reação contra os valores clássicos prestigiados pelo humanismo renascentista. O termo surge da expressão a maniera de, usada para se referir a artistas que faziam questão de imprimir certas marcas individuais em suas obras e procuravam efeitos bizarros que já apontam para a arte moderna, como o alongamento das figuras humanas e os pontos de vista inusitados.

Como sempre decorreu na história da arte portuguesa, foi devido a influências externas que este movimento se desenvolveu em Portugal. Em relação ao Maneirismo, houve dois factores fundamentais: os tratados de Vignola e Serlio que forneciam uma ampla informação das ideias principais do movimento; e a difusão do modelo da igreja jesuíta, funcional, de linhas simples, pela Companhia de Jesus. Fontes de inspiração italianas, francesas, flamengas e castelhanas também colheram-se de artistas nacionais na Itália, como Francisco de Holanda, etc., na presença de mestres estrangeiros, como Chanterene, etc., na circulação de quadros e gravuras especialmente flamengas (Cornelius, etc.), na edição de Tratados (Medidas del Romano, etc.) na divulgação dos ensinos teóricos de Herrera, de Palladio, etc., e nos motivos ornamentais das artes gráficas.Após o Alto Renascimento, aparece o primeiro Maneirismo arquitectónico na reconstrução da capela dos Jerónimos (1540-41, Diogo de Torralva), no claustro principal do convento de Tomar, etc. Aparece depois a igreja de São Vicente de Fora, em Lisboa (1582, Filippo Terzi), edifício dominante do século XVII, durante o qual se construiram numerosos templos maneiristas: Sé Nova de Coimbra, de Baltasar Álvares, São Bento no Porto, de Diogo Marques. Genericamente, a arquitectura do exterior apresenta sobriedade, contrapondo-se a um interior extravagante decorado com azulejos, talha dourada em escultóricos altares, no caso das igrejas, nos palácios por baixelas, faianças porcelanas e mobiliário. Na Índia constróem-se a Catedral de Velha Goa (1597-1631) e a igreja da Graça (1597-1602) e em Macau a igreja inaciana, de directa inspiração italiana.

O Maneirismo português percorreu três etapas fundamentais de evolução que são: a inicial, onde são absorvidos os modelos de influência italiana; a do desenvolvimento do modo de trabalhar à maniera italiana ("Triunfo da Bela Maneira"); a da necessidade de um discurso coerente, organizado e activo defensor dos valores da Contra-Reforma. A clientela maneirista era constituída pelo monarca, pela nobreza clerical ou leiga, pelos municípios e pelas misericórdias.

A influência das gravuras flamengas aparece já em Vasco Fernandes (Pentecostes), mas é o grupo de mestres da oficina lisboeta de Jorge Afonso que, com o Mestre de São Quintino, constitui a primeira geração de pintura maneirista portuguesa: Gregório Lopes, Cristóvão de Figueiredo e Garcia Fernandes, que legou obra extensa, anti-renascentista. Na escultura, o novo estilo desponta com mestres franceses e flamengos radicados em Coimbra, que formam discípulos (Tomé Velho, Jerónimo de Ruão) e expandes a arte dos túmulos e altares, e a estatuária de pedra em que a figura aparece por vezes agitada Hodarte.

segunda-feira, 15 de março de 2010

O Maneirismo

Maneirismo

Maneirismo foi um estilo e um movimento artístico que se desenvolveu na Europa aproximadamente entre 1515 e 1600 como uma revisão dos valores clássicos e naturalistas prestigiados pelo Humanismo renascentista e cristalizados na Alta Renascença. O Maneirismo é mais estudado em suas manifestações na pintura, escultura e arquitectura da Itália, onde se originou, mas teve impacto também sobre as outras artes e influenciou a cultura de praticamente todas as nações europeias, deixando traços até nas suas colónias da América e no Oriente. Tem um perfil de difícil definição, mas em linhas gerais caracterizou-se pela deliberada sofisticação intelectualista, pela valorização da originalidade e das interpretações individuais, pelo dinamismo e complexidade de suas formas, e pelo artificialismo no tratamento dos seus temas, a fim de se conseguir maior emoção, elegância, poder ou tensão. É marcado pela contradição e o conflito e assumiu na vasta área em que se manifestou variadas feições.

terça-feira, 2 de março de 2010

O Gótico

O gótico designa uma fase da história da arte ocidental, identificável por características muito próprias de contexto social, político e religioso em conjugação com valores estéticos e filosóficos e que surge como resposta à austeridade do estilo românico.

Este movimento cultural e artístico desenvolve-se durante a Idade Média, no contexto do Renascimento do Século XII e prolonga-se até ao advento do Renascimento Italiano em Florença, quando a inspiração clássica quebra a linguagem artística até então difundida.

Os primeiros passos são dados a meados do século XII em França no campo da arquitectura (mais especificamente na construção de catedrais) e, acabando por abranger outras disciplinas estéticas, estende-se pela Europa até ao início do século XVI, já não apresentando então uma uniformidade geográfica.

A arquitectura, em comunhão com a religião, vai formar o eixo de maior relevo deste movimento e vai cunhar profundamente todo o desenvolvimento estético.

A Filosofia da Luz e a Abadia de Saint-Denis
O colorido e a exaltação da luz na rosácea de Sainte-Chapelle, Paris.

O nascimento do estilo, mais que o seu desaparecimento, pode ser definido cronologicamente com clareza, nomeadamente no momento da reconstrução da abadia real de Saint-Denis sob orientação do abade Suger entre 1137 e 1144. Esta abadia beneditina situada nas proximidades de Paris, em França, vai ser o veículo utilizado à comunicação dos novos valores simbólicos: por um lado a dignificação da monarquia, por outro a glorificação da religião. Este empreendimento tem por objectivo apresentar o maior centro patriótico e espiritual de toda a França, ofuscando todas as outras igrejas de peregrinação, trazendo para si mais crentes e restabelecer a confiança entre a igreja e o seu rebanho.

Para materializar esta ideia várias fontes e influências terrenas vão ter de ser, no entanto, bem contabilizadas e fundidas. A cabeceira (zona este da igreja) vai ser emprestada das já existentes igrejas de peregrinação, com ábside, deambulatório e capelas radiantes, assim como a utilização do arco quebrado de influência normanda. A técnica construtiva dá também neste momento um avanço significativo contribuindo com a abóbada de nervuras (sobre cruzaria de ogivas) e que vai permitir uma maior dinâmica e flexibilidade de construção. O impulso destas abóbadas vai ser recebido por contrafortes no exterior do edifício, libertando o espaço interior e dotando-o de uma leveza extraordinária.

Mas mais que uma junção de elementos, o estilo gótico é afirmação de uma nova filosofia. A estrutura apresenta algo novo, uma harmonia e proporções inovadoras resultado de relações matemáticas, de ordens claras impregnadas de simbolismo. Suger, que é fortemente influenciado pela teologia de Pseudo-Dionísio, o Areopagita, aspira uma representação material da Jerusalém Celeste. A luz é a comunicação do divino, o sobrenatural, é o veículo real para a comunhão com o sagrado, através dela o homem comum pode admirar a glória de Deus e melhor aperceber-se da sua mortalidade e inferioridade. Fisicamente a luz vai ter um papel de importância crucial no interior da catedral, vai-se difundir através dos grandes vitrais numa áurea de misticismo e a sua carga simbólica vai ser reforçada pela acentuação do verticalismo. As paredes, agora libertas da sua função de apoio, expandem em altura e permitem a metamorfose do interior num espaço gracioso e etéreo.

O espaço é acessível ao homem comum, atrai-o de uma maneira palpável, que ele é capaz de assimilar e compreender, o templo torna-se o ponto de contacto com o divino, um livro de pedra iconográfico que ilustra e ensina os valores religiosos e que vai, a partir deste momento, continuar o aperfeiçoamento da mesma.



Expansão, ramificação e uniformização

O núcleo central do estilo resume-se inicialmente à zona da Île-de-France, que abarca a zona de Paris e arredores, mas estende-se eventualmente a todo o território francês e transborda mesmo para lá das fronteiras ramificando-se pela Europa ocidental, principalmente a norte dos Alpes. A expansão do movimento alastra com o tempo para Inglaterra, Alemanha, Itália, Polónia e até à Península Ibérica, embora aqui com menos impacto.

Seguindo as rotas comerciais o estilo é exportado e vai permanecer por algum tempo como uma estética de carácter estrangeiro e adaptado. Já no decorrer do século XIII impõem-se as influências regionais e o estilo assume, dentro de um mesmo eixo condutor, diversas facetas demarcadas pelas diferentes culturas e tradições europeias. Mas a corrente artística não vai permanecer imutável e, do mesmo modo que se ramifica, vai acabar por se influenciar mutuamente e formar um conjunto uniforme e homogéneo por volta de 1400, denominado Gótico internacional. A meados do século XV a área de domínio gótica começa a reduzir e está praticamente extinta um século depois quando o Proto-Renascimento lança as primeiras ideias.

Em geral verifica-se que, em termos de permanência temporal, o movimento artístico difere profundamente de local para local, podendo-se, no entanto, definir aproximadamente as diferentes fases que o compõem.


Arquitectura

O núcleo central do estilo resume-se inicialmente à zona da Île-de-France, que abarca a zona de Paris e arredores, mas estende-se eventualmente a todo o território francês e transborda mesmo para lá das fronteiras ramificando-se pela Europa ocidental, principalmente a norte dos Alpes. A expansão do movimento alastra com o tempo para Inglaterra, Alemanha, Itália, Polónia e até à Península Ibérica, embora aqui com menos impacto.

Seguindo as rotas comerciais o estilo é exportado e vai permanecer por algum tempo como uma estética de carácter estrangeiro e adaptado. Já no decorrer do século XIII impõem-se as influências regionais e o estilo assume, dentro de um mesmo eixo condutor, diversas facetas demarcadas pelas diferentes culturas e tradições europeias. Mas a corrente artística não vai permanecer imutável e, do mesmo modo que se ramifica, vai acabar por se influenciar mutuamente e formar um conjunto uniforme e homogéneo por volta de 1400, denominado Gótico internacional. A meados do século XV a área de domínio gótica começa a reduzir e está praticamente extinta um século depois quando o Proto-Renascimento lança as primeiras ideias.

Em geral verifica-se que, em termos de permanência temporal, o movimento artístico difere profundamente de local para local, podendo-se, no entanto, definir aproximadamente as diferentes fases que o compõem.

Escultura
Já na Abadia de Saint-Denis se observa uma maior importância dada à escultura que no românico, sendo que se vai afirmar pela primeira vez como elemento independente à arquitectura e com objectivos próprios na Catedral de Chartres. De qualquer modo a escultura estará ainda estritamente ligada à catedral mas, em oposição ao “amontoado” do românico, demonstra agora consciência do seu próprio espaço e ocupa-o de modo ordenado e claro.
Especialmente no portal de entrada para o templo se encontram as maiores produções escultóricas que proliferam nas ombreiras, arquivoltas e tímpanos. As estátuas nas ombreiras libertam-se progressivamente das colunas e da sua forma irreal e alongada ganhando volume e vida. A humanização das posturas e gestos é reforçada pela utilização de um eixo próprio para a figura, eixo este que se vai ondulando com o tempo e emprega à figura uma acentuada formação em S. Toda uma nova naturalidade vai determinar a composição e envolvência física: os pés passam a estar numa plataforma horizontal e não mais num plano inclinado; as roupagens e todo o volume corporal cedem à gravidade; aumenta a atenção ao pormenor transportado do quotidiano; e acima de tudo domina uma atitude elegante, uma expressão realista, serena e profundamente terna que estabelece comunicação pelo olhar, pelo sorriso e pelo gesto. A meados do século XIII esta estética elegante difunde-se, mas no início do século XIV a busca de efeitos de luz/sombra através do contraste entre volumes cunha as figuras de uma maior abstracção.


Pintura
A pintura gótica, uma das expressões da arte gótica, não assume um papel de destaque logo desde o início do desenvolvimento do estilo. Apareceu apenas em 1200 ou quase 50 anos depois do início da arquitetura e escultura góticas. Só mais tarde, entre 1300 e 1350, a pintura tem o seu apogeu como expressão independente da arquitetura. A transição do Românico para Gótico é bastante imprecisa e não uma quebra definida, mas pode-se perceber o início de um estilo mais sombrio e emotivo que o do período anterior. Esta transição ocorre primeiro em Inglaterra e França, cerca de 1200, na Alemanha, cerca de 1220 e na Itália, cerca de 1300 e 1400.

* Vitral

De início a pintura surge como elemento de auxílio à estruturação da catedral numa das expressões de maior peso simbólico, o vitral. Este método, de unir pedaços de vidro colorido através de chumbo, foi o que melhor se adaptou à necessidade narrativa do interior da catedral gótica. Desenvolvendo-se bruscamente com as inovações técnicas de distribuição de peso das abóbadas, que permitiam a criação de grandes lances de entrada de luz, esta evolução desafia os mestres-vidreiros obrigando-os a um projecto metodicamente planeado, distanciando-se progressivamente da influência românica e assumindo um estilo pictórico próprio a partir de 1200 e com apogeu até 1250. No entanto a formulação pictórica vai permanecer associada à escultura no sentido em que as figuras são como estátuas projectadas numa superfície plana. O vitral assume um forte carácter abstracto sem efeito tridimensional, profundamente geométrico onde os únicos pormenores permitidos são as delineações a negro dos olhos, cabelos e pregas das roupas.

Iluminura
* Iluminura

Após o apogeu do vitral a iluminura de manuscritos volta a assumir o papel principal na representação pictórica que vinha já desde o românico, mas no seu repertório formal passam-se a encontrar referências à arquitectura que até aqui eram muito limitadas. Por um lado as figuras estão integradas num ambiente arquitectónico de fundo onde são evidentes os traços do gótico, por outro lado as figuras exibem um tratamento volumétrico com as mesmas expressões graciosas e posições sinuosas da decoração escultórica da catedral. Mas mesmo neste enquadramento arquitectónico a profundidade e a perspectiva são ainda muito básicos, em grande parte pela contribuição dos contornos a negro das figuras que fazem lembrar as uniões num vitral e que as remetem para um plano bidimensional. Esta adopção dos elementos do gótico dever-se-á em grande parte à transposição da produção da iluminura dos mosteiros para as oficinas dos centros urbanos onde o gótico habita. Na última metade do século XIV a influência dos mestres italianos no norte europeu é forte e a iluminura ganha uma estrutura espacial mais harmoniosa.

segunda-feira, 8 de fevereiro de 2010

terça-feira, 2 de fevereiro de 2010

O Mosteiro

Além de centros de sabedoria, os grandes mosteiros fundados através da Europa durante a Idade Média, eram também uma fonte de alívio para os pobres, doentes e por vezes também para os proprietários mais abastados.
O modo de vida denominado "monasticismo" em que se vivia separado do mundo para dedicação total a Deus.
Os primeiros cristãos a adoptarem este modo de vida foram os eremitas.
Começaram-se a formar outras comunidades parecidas, de frades ou freiras, estando várias delas ligadas pelas "regras", uma espécie de guia sobre a maneira como deveriam viver.
A regra maior foi a de S. Bento de Núrsia, fundador do Mosteiro do Monte Cassino, em Itália, cerca do ano 529, e que decidiu que a vida dos monges

devia ser uma vida de orações e tarefas manuais. alguns monges, tornaram-se estudiosos e professores, conseguindo,

ler ou escrever, preservar muitos conhecimentos clássicos que de outra forma se poderiam ter perdido.
Além de cuidar dos doentes e alimentar os pobres, os monges oravam pelas almas dos mortos. Na Europa da Idade Média, os mosteiros

serviam também como abrigo para os viajantes.

segunda-feira, 18 de janeiro de 2010

O incêndio de Roma

O grande incêndio de Roma teve início na noite de 18 de Julho, no ano 64 d.C., no núcleo comercial da antiga cidade de Roma, em volta do Circo Maximo.

O fogo alastrou-se rapidamente pelas áreas mais densamente povoadas da cidade, com as suas ruelas sinuosas. O fato de a maioria dos romanos viverem em insulae, edifícios altamente inflamáveis devido à sua estrutura de madeira, de três, quatro ou cinco andares, ajudou à propagação do incêndio.

Nestas condições, o incêndio prolongou-se por seis dias seguidos até que pudesse ser controlado. Mas por pouco tempo, já que houve focos de reacendimento que fizeram o incêndio durar por mais três dias. O antigo Templo de Jupiter e Stator e o Lar das Virgens Vestais foram destruídos, bem como dois terços da antiga cidade.

Existem várias versões sobre a causa do incêndio. A versão mais contada é a de que os moradores que habitavam as construções de madeira, usavam do fogo para se aquecer e se alimentar. E por algum acidente, o fogo se alastrou. Para piorar a situação, ventos fortes arrastavam o fogo pela cidade.

Outra versão famosa, porém desmentida pelos historiedades, é de que o imperador Nero teria ordenado o incêndio com o propósito de reconstruir a cidade de acordo com um projecto arquitectonico que a tornaria ainda mais majestosa. Há ainda a versão (também insustentável), concebida por romancistas cristãos pósteros que, atribuindo ao imperador a condição de demente, pretende que ele provocou o incêndio para inspirar-se, poeticamente, e poder produzir um poema, como Homero ao descrever o incêndio de Troia. No romance "Quo Vadis", ele é mostrado tocando sua lira, enquanto Roma ardia.

Na verdade, no momento do incêndio, Nero estava em outra cidade e, ao saber do ocorrido, retornou a Roma, esforçando-se para socorrer os desabrigados, inclusive mandando abrir os jardins de seu palácio para acolhê-los. Todavia, o fato de, posteriormente, ter usado seus agentes para adquirir, a preço vil, terrenos nas imediações de seu palácio, com a provável intenção de ampliá-lo, tornou-o suspeito, junto ao povo, de ter responsabilidade no sinistro.

Não se sabe exatamente o momento e as razões que levaram os cristãos a serem acusados de responsáveis pelo incêndio. Historiadores cristãos e também romanos (como Tacito e Suetonico, cujas obras denotam acentuada antipatia pelo imperador) sustentam que se tratou de uma manobra de Nero, para desviar as suspeitas de sua pessoa. Uma vez que a tese de "incêndio criminoso" se disseminara, era necessário encontrar os culpados, e os cristãos podem ter-se tornado "botes expiatorios" ideais, pelo fato de serem mal vistos em Roma. De fato, Suetônio relata que as crenças cristãs eram tidas, na época, como «superstição nova e maléfica» enquanto Tácito, embora acusando Nero de ter injustamente culpado os Cristãos, declara-se convencido de que eles mereciam as mais severas punições porque cometiam "infâmias" e eram "inimigos do gênero humano".

É até possível que alguns cristãos fanaticos, imbuídos de conceitos apocalipticos, tenham proclamado, publicamente, que o incêndio era um castigo divino pelos "pecados" dos romanos, e que prenunciava o novo advento do Crist, o que teria tornado todos os cristãos suspeitos de implicação naquela calamidade.

Para Massimo Fini, Nero teria sido caluniado, por historiadores romanos e cristãos, nesse episódio do grande incêndio de Roma!

Carlos Magno

Carlos Magno, monarca a quem foi entregue a distania carolingia responsavel pelo apageu da dominaçao dos francos da europa mediaval. O novo rei entrou em luta contra os muçulmanos estabelecendo a marca de Hispania, conquistou a cidade de Barcelona, as ilhas Baleares e impos a sua dominaçao sobe os povos da Germania.
Carlos Magno teve grande preocupaçao em organizar administrativamente as regioes conquistadas, devidindo todos os dominios imperiais em 200 condados que seria fiscalizado por um funcionario publico chamado "Missidominici".
No dia 25 de Dezembro de 800 , Carlos Magno foi coroado como imperador do novo imperio romano do ocidente pelo Papa Leao III.
Para que as acçoes fossem cumpridas, Carlos Magno criou um conjunto de leis escristas conhecidas como capitulares. Indo na contra-mao do processo de descentralizaçao politica que marcou toda a europa mediaval, tal advento marcou a criaçao do primeiro conjunto de leis escritas desse periodo historico.
O Rei morre em 814 e o imperio Carolingio é entregue a Luis "O Piedoso" até o ano de 840.